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O recesso parlamentar só começa oficialmente no dia 18 de julho, mas para muitos deputados da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), as férias parecem ter chegado cedo. Um levantamento divulgado pela própria Casa revela um número alarmante: foram 339 faltas em apenas seis meses, resultado da baixa assiduidade de diversos parlamentares — inclusive de quem deveria dar o exemplo.
Entre os dez deputados com menor participação nas sessões plenárias está ninguém menos que Roberto Cidade (União Brasil), atual presidente da Aleam. O deputado marcou presença em apenas 42 das 56 sessões realizadas até agora, um índice de 75%, que o coloca empatado na nona posição do ranking de pior frequência da legislatura.
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Para qualquer deputado, faltar a quase um quarto das sessões já seria motivo de preocupação. Mas, no caso de quem ocupa o cargo máximo da Assembleia, a situação é ainda mais grave — e simbólica. Roberto Cidade não tem sido um exemplo de compromisso com a função pública, e sua ausência recorrente transmite uma perigosa sensação de permissividade dentro do Parlamento.
O presidente que não lidera
A função de presidente da Aleam não se resume a abrir as sessões ou conduzir votações. Espera-se que ele represente a integridade institucional, que zele pelo funcionamento do Legislativo e que incentive os demais parlamentares a atuarem com seriedade e regularidade. Quando o líder se ausenta com frequência, abre espaço para que o descaso se naturalize — e, pior, se normalize.
Enquanto deputados como Dra. Mayara Pinheiro (Republicanos) apresentaram justificativas legítimas, como licença-maternidade, Roberto Cidade não apresentou qualquer explicação pública até agora para o seu alto número de ausências. A falta de transparência reforça o distanciamento entre os eleitos e os eleitores, especialmente em um estado onde a população enfrenta sérios desafios sociais e precisa de representatividade ativa.
O resultado é uma combinação explosiva: desinteresse, falta de cobrança interna e um Legislativo que parece cada vez mais distante das necessidades reais da população.
O exemplo vem de cima — ou deveria vir
Ao encerrar o primeiro semestre legislativo de 2025 com um dos piores índices de presença, Roberto Cidade manda um recado perigoso: o de que, mesmo no topo da hierarquia da Aleam, é possível faltar sem prestar contas. Para quem espera um Parlamento atuante, presente e fiscalizador, esse tipo de liderança é, no mínimo, decepcionante.
A ausência de Roberto Cidade não é apenas física — é simbólica. É a ausência de um projeto de presença política, de compromisso com o cargo e de respeito à população amazonense. Ser presidente da Assembleia exige mais do que autoridade — exige responsabilidade e exemplo. Dois atributos que, ao menos neste semestre, ficaram em falta.
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